Furacão que atingiu cerca de 200 km entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi o primeiro na costa brasileira
Por Desirée Brandt
Um episódio inédito mudou a história da meteorologia no Brasil na madrugada de 28 de março de 2004. O primeiro furacão na costa brasileira chamado Catarina atingiu cerca de 200 km de área entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Os estragos foram grandes e até hoje existem os traumas da passagem do furacão que deixou 27,5 mil desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos. Além disso, 14 municípios decretaram estado de calamidade pública.
O fenômeno começou como ciclone extratropical. Trata-se de uma grande área de baixa pressão que tem seus ventos girando no sentido horário. Algo comum e que acontece com frequência na costa do Brasil. Praticamente toda semana temos um ciclone na costa, já que todo sistema frontal é formado por uma frente fria, uma massa de ar polar e um ciclone extratropical. O que torna os ciclones perigosos é a sua intensidade, duração e principalmente sua posição em relação à costa.
O que os meteorologistas não esperavam é que esse tal ciclone seria abastecido pela água mais quente do mar e mudaria seu rumo, até então em direção à África, e voltaria em direção à nossa costa.
Eu não vivi o Catarina como meteorologista formada, mas estava no meu último ano de bacharelado. E junto com colegas de faculdade, acompanhamos a evolução do que seria uma grande novidade. A frase que me marcou muito foi “formou um olho!” e neste momento o Mundo estava com os olhos voltados para nós.
Desirée Brandt é meteorologista da Somar Meteorologia.