RESUMO: La Niña começa a enfraquecer até o final do verão
ANÁLISE: Em atualização em 14 de janeiro de 2021, a Agência de Meteorologia e Oceanografia Norte Americana (NOAA) manteve a presença de um La Niña, o terceiro mais intenso nos últimos 20 anos.
Na última medição, a temperatura do Oceano Pacífico equatorial central estava na casa de -1,1°C, mas enfraqueceu ligeiramente no Oceano Pacífico equatorial leste. Vale lembrar que o fenômeno mais intenso teve desvio de até -1,7°C em 2010. Cabe uma observação sobre as águas do Oceano Atlântico, que estão com valores acima do normal na costa do Sul e do Sudeste do Brasil, o que vem potencializando temporais em ambas as Regiões. No entanto, como é característico de anos de La Niña, as chuvas são mais irregulares.
A tendência projetada pela NOAA para o trimestre janeiro-fevereiro-março ainda é de um fenômeno La Niña com 95% de probabilidade, com uma transição potencial para neutralidade durante o outono de 2021 (55% de chance durante abril-maio-junho). Essa projeção conversa também com as simulações do IRI da Universidade de Colúmbia. Vale lembrar que estamos vivenciando neste mês de janeiro o ápice do fenômeno, que deve começar a perder força nos próximos meses. Embora o fenômeno La Niña deva prosseguir até pelo menos o mês de abril, seus efeitos na atmosfera serão vistos até meados de 2021, especialmente no Norte e Nordeste, com chuva acima da média.
Aliás, de acordo com o IRI, para o trimestre janeiro-fevereiro-março, há previsão de chuva abaixo da média no Paraná e maior parte do Rio Grande do Sul, além do sul do Paraguai, todo o Uruguai e centro e norte da Argentina. Ou seja, embora tenha voltado a chover mais frequentemente sobre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, ainda há risco de cortes abruptos da precipitação e estiagens regionalizadas a partir de fevereiro, sobretudo no oeste do Rio Grande do Sul. Por outro lado, a divisa do estado gaúcho com o catarinense tende a ter episódios de chuva ainda volumosa.
Na maior parte do Sudeste e Centro-Oeste, o trimestre normalmente mais chuvoso do ano receberá precipitação entre a média e abaixo da média, o que indica que as invernadas típicas da época do ano não serão tão duradouras. Destaque para a costa paulista e fluminense, que receberão chuvas acima da média segundo projeção do IRI. O órgão indica queda na projeção de chuva para o Nordeste ao longo do verão, possivelmente associada a bloqueios atmosféricos. No Norte, a previsão é de chuva acima do normal especialmente entre Roraima e Amapá, por conta da Zona de Convergência Intertropical.
Entre abril e junho de 2021, o mapa de probabilidade de chuva do IRI mantém um período com chuva abaixo da média no Sul. A novidade é que partes de São Paulo (oeste, centro e sul do Estado) e o sul de Mato Grosso do Sul também terão chuva abaixo da média, algo comum sob La Niña entre o fim do verão e início do outono. Por outro lado, o La Niña deixará o início do outono mais chuvoso entre oeste de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Trata-se de outra característica do La Niña: a chuva demora a regularizar na primavera, mas costuma postergar no outono. Não é possível, no entanto, afirmar se haverá total compensação da falta de chuva da primavera e do outono mais úmido, já que a estiagem foi prolongada em 2020. No Nordeste, o IRI aponta para chuva abaixo da média sobretudo na faixa norte. Por fim, boa parte da Região Norte permanece sob chuva acima da média.
Um primeiro efeito do término do La Niña será visto apenas no fim de maio, quando há previsão da primeira onda de frio com potencial para geadas na Região Sul e no sul dos Estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul. Muitos acreditam que o La Niña aumenta o risco de geadas, mas não. Apesar das ondas de frio mais fortes, elas não costumam avançar pelo interior do Brasil. O risco de geada costuma ser maior sob neutralidade climática (sem El Niño ou La Niña). |